terça-feira, 16 de abril de 2024

TEM ROBOI NA LINHA!

 
Você já ouviu alguém usar a expressão “tem boi na linha”? Embora pareça uma exclamação advinda do nosso pujante agronegócio, está mais para assunto do Ministério dos Transportes que da Agricultura.  E se já ouviu essa expressão, talvez tenha alguns aninhos a mais a lhe pesar na cacunda, pois é uma locução surgida no tempo de nossas avós.
 
Segundo li na internet, sua origem remonta aos primórdios das ferrovias no Brasil, no século XVIII. Os trilhos eram invadidos por carroças e carruagens, pedestres e até por boiadas. Se um dos animais se instalasse sobre os trilhos da via férrea, o maquinista deveria parar o trem, porque, literalmente, havia boi na linha”.
 
Mas mesmo estando no século XXI, percebi que tem roboi na linha, ou melhor, tem robô no blog! Só pode ser esta a explicação para ter 865 acessos só hoje (até agora).
 
Eu estava felizão ontem com a quantidade absurda de acessos ao Blogson nos últimos dias. Ontem, por exemplo, 57 posts foram acessados, talvez um recorde do blog. Mas essa quantidade incrível de acessos, se feitos por apenas uma pessoa, me levaram a pensar que as postagens acessadas não estavam sendo lidas, pois não dá tempo! E digo isso porque eu tento reler cada um dos posts acessados, mas é impossível ler tudo em um único dia! Isso ratificava o comentário feito no post "Visita ao Museu": estavam visitando o Blogson sem se deter um pouco para ler alguma coisa.
 
Mas hoje a coisa mudou. Um blog desclassificado como é o Blogson Crusoe não pode ter 1.366 acessos em um único dia! Ainda mais sem uma quantidade proporcional de visualizações dos posts publicados. A menos que seja nova revoada de robozinhos. Nesse caso, permito-me imaginar que a inteligência artificial dos robozinhos está apaixonada pela burrice natural do blogueiro. Para mim não tem problemas, mas vou logo avisando que não rola nada, nem mesmo beijinho no ombro, pois já sou comprometido. E pular cerca por causa de robois, nem pensar. Mesmo que eu me chamasse Carambola.

sábado, 13 de abril de 2024

VISITA AO MUSEU

 
Para começar, já aviso que a importância deste post no novo sistema de avaliação de qualidade do material publicado o inclui na categoria “Irrelevante”, servindo apenas para registrar uma curiosidade boba que surgiu em minha mente. O negócio é o seguinte: alguém – e já adianto que é muito bem vindo –, começou a acessar vários posts do Blogson.
 
Ao detectar esse movimento na estatística diária, percebi que não me lembrava mais de muitas dessas postagens. Decidi, então, reler cada uma delas. Descobri também que há “cinquenta tons” de qualidade nas postagens acessadas, desde ótimos textos até o mais puro lixo. Essa descoberta me levou a querer classificar os mais de 2.800 posts publicados de acordo com sua qualidade. Claro, segundo meu ponto de vista.
 
Mas esse assunto já foi mais bem explicado em um post anterior.  O que me motivou a registrar minha curiosidade é a pergunta: Quem vem acessando os posts antigos está realmente lendo os textos? E esta é a explicação da dúvida: até vinte posts têm sido acessados diariamente. Mesmo que eu não seja prolixo como o Azarão do blog A Marreta do Azarão, grande parte do que escrevi obedece a um padrão: duas páginas em papel A4, fonte Arial 12.
 
Agora pensem comigo: 20 postagens acessadas por dia atingiriam um máximo de 40 páginas a serem “desbravadas”. Até para mim, que acesso compulsivamente o que escrevi, a leitura de 40 páginas diárias de irrelevâncias é dose pra leão. E foi isso que me fez lembrar das visitas a um museu. A maioria das pessoas passeia ou passa pelas telas, esculturas, documentos e relíquias expostas sem se deter diante delas, sem prestar muita atenção, sem ler os textos explicativos sobre cada obra.
 
E essa foi a dúvida surgida. Não há criticas no meu comentário, pois estou achando ótima essa movimentação. Apenas me pergunto se quem tem acessado as postagens antigas está lendo tudo ou só fazendo turismo. De toda forma, só posso agradecer essas visitas. Fui.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

RELEITURAS II

 
Como talvez até os seguidores mais recentes e os leitores que tropeçaram no Blogson já devem ter percebido, minha relação com o blog lembra o casal da música “Entre tapas e beijos”, pois os sentimentos de ódio e o amor foram se alternando desde 2014, ano de criação desta bagaça.
 
Por isso, sempre que falta assunto, sempre que um antigo seguidor desembarca desta canoa furada ou quando percebo o desinteresse cada vez maior pelas tranqueiras que publico, minha reação é ficar puto, me enfurecer, pensar em parar de fazer postagens quase diárias e frescuras do gênero.
 
Curiosamente, as estatísticas dos últimos dias (espero que não sejam realmente os últimos!) têm mostrado uma situação inesperada, a “escavação arqueológica” feita por alguém que mostrou interesse em acessar algumas das mais de 2.800 publicações do blog.
 
O bizarro dessa história é que por adotar títulos frequentemente idiotas para os textos que fui publicando eu não me lembro mais de que tratam esses posts. Por isso, resolvi reler os que foram acessados, constatando assim a qualidade oscilante do que escrevi. Alguns poucos são ótimos (obrigado!), a maioria é “mais ou menos” e uma minoria causa até vergonha, de tão ruim.
 
Alegrei-me também por reler comentários divertidos de leitores por quem tinha um sincero sentimento de amizade, mesmo que virtual
 
Por isso, por não querer falar de elon musks, putinhos, maduros e outros escrotos que me causam náusea, resolvi cuidar do meu próprio umbigo, ou seja, preparar um ranking de todos os posts publicados. E começarei pelos mais recentemente acessados. Mas sem pressa nem data para terminar.
 
E imaginei cinco categorias para enquadrá-los: “muito bom”, “bom”, “bonzinho”, “irrelevante” e “ruim”. “Bonzinho” significa “mais ou menos”.E “ruim” pode lido como “ruim pra caramba” ou “lixão”. Eu até pensei em criar também a faixa “ótimo”, mas o bom senso prevalesceu sobre a vaidade descontrolada.
 
E se a estimada leitora e o distinto leitor quiserem saber como classificarei este post, já aviso: é lixo puro. Mais ou menos a mesma opinião que tenho das personalidades citadas.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

BICHINHO DE ESTIMAÇÃO

 
Este texto atende apenas ao meu fascínio e curiosidade infantis pelo passado remoto, mas também curto as especulações pelo que ainda pode acontecer. Se isso for uma espécie de escapismo, uma válvula de segurança para não explodir diante das tragédias e vicissitudes da vida moderna, tudo bem, pois não espero mais nada da espécie humana, do homo nada sapiens.
 
Então, a imagem espetacular do crânio de um plesiossauro, animal que viveu há 150 milhões de anos, cumpre essa finalidade. Não consigo imaginar o mundo em que viveu; apenas percebo que "a nave nossa irmã", apesar de linda e talvez única, nunca deixou de ser ameaçadora para os seres vivos que surgiram e desapareceram ao longo dos bilhões de anos desde o surgimento da vida neste planeta. Parafraseando Tom Jobim, a Terra nunca foi para amadores.
 
A reprodução no Blogson destas imagens encontradas na internet será muito útil para mim quando o leite com toddy (gelado, por favor) tiver acabado. Olha a delicadeza desse bichinho de estimação:





terça-feira, 9 de abril de 2024

BALAIO CHEIO


Quem você identifica como pessoas irritantes? Dito de forma mais coloquial quem você considera gente chata?
 
Talvez eu pertença a algum grupo ou até a mais de um dos que critico. Mas, por ser naturalmente antissocial, não suporto pessoas arrogantes, ignorantes, preconceituosas, burras, portadoras de analfabetismo funcional, sem educação, invejosas, fundamentalistas religiosos, radicais, moralistas, intolerantes, rancorosas, etc. São tantas que dá até para encher um balaio. Ou o saco.
 
Pode ser uma opinião elitista (para o bem e para o mal, eu sou elitista), mas talvez devido a um esgotamento físico e mental mais acentuado, não consegui evitar o desejo de dar uma "estocada" em todas as pessoas que se enquadram nesse perfil, sejam elas conhecidas ou desconhecidas (talvez a carapuça possa também me servir, não é mesmo?). E o Facebook foi o meio escolhido (ainda bem, porque a frase ficou um lixo).








segunda-feira, 8 de abril de 2024

A MORTE DE GILGAMESH

 
O destino decretado por Enlil da montanha, o pai dos deuses, foi cumprido: "No mundo inferior a escuridão vai mostrar-lhe uma luz: na humanidade, por todas as gerações conhecidas, ninguém legará um monumento que se compare ao dele. Os heróis e os sábios, como a lua nova, têm seus períodos de ascensão e declínio. Os homens dirão: 'Quem jamais governou com tamanha força e tamanho poder?' Como no mês escuro, no mês das sombras, sem ele não há luz. Oh, Gilgamesh, era este o significado de teu sonho. Foi-te dado um trono, reinar era teu destino; a vida eterna não era teu destino. Assim, não fiques triste, não te atormentes, nem te deixes oprimir por causa disso. Ele te deu o poder de atar e desatar, de ser as trevas e a luz da humanidade. Ele te concedeu supremacia sem paralelo sobre o povo, vitória nas batalhas de onde não escapam fugitivos; o sucesso é teu nas incursões militares e nos implacáveis assaltos por ti empreendidos. Mas não abuses deste poder; sê justo com teus servos no palácio, faze justiça ante a face do Sol."
 
O rei se deitou e não mais se levantará;
O Senhor de Kullab não mais se levantará;
Ele venceu o mal, ele não mais voltará;
Embora tivesse braços fortes, ele não mais se levantará;
Ele era sábio e tinha um belo rosto, ele não mais voltará;
Ele adentrou a montanha, ele não mais voltará;
Em seu leito fatídico ele jaz, ele não mais se levantará;
De seu divã multicolorido ele não mais voltará.
 
O povo da cidade, os grandes e os humildes, não estão em silêncio. Eles se lamentam em voz alta; toda a humanidade se lamenta em voz alta. O destino se cumpriu; como uma gazela apanhada num laço, como um peixe fisgado, ele jaz estirado sobre a cama. O desumano Namtar pesa sobre ele; Namtar, que não tem mão nem pé, que não bebe água nem come carne.
Por Gilgamesh, filho de Ninsun, eles fizeram inúmeras oferendas; sua esposa querida, seu filho, sua concubina, seus músicos, seu bufão e todos os que pertenciam à sua casa; seus servos, seus camareiros, todos os que viviam no palácio fizeram inúmeras oferendas a Gilgamesh, filho de Ninsun, o coração de Uruk. Eles fizeram inúmeras oferendas a Ereshkigal, a Rainha dos Mortos, e a todos os deuses do inferno. A Namtar, que é o destino, eles fizeram oferendas. Pão para Neti, o Sentinela do Portão; pão para Ningizzida, o deus da serpente, o senhor da Arvore da Vida; pão também para Dumuzi, o jovem pastor, para Enki e Ninki, para Endukugga e Nindukugga, para Enmul e Ninmul, todos eles deuses ancestrais, antepassados de Enlil. Um banquete para Shulpae, o deus dos festejos. Para Samuqan, o deus dos rebanhos, para a mãe Ninhursag e para todos os deuses da criação, para a hoste do céu, sacerdote e sacerdotisa fizeram inúmeras oferendas fúnebres. Gilgamesh, o filho de Ninsun, jaz em seu túmulo. No lugar das oferendas ele ofertou o pão, no lugar da libação ele derramou o vinho. Naqueles dias partiu o senhor Gilgamesh, o filho de Ninsun, o rei, o incomparável, um homem sem rival que não negligenciou Enlil, seu mestre. Oh, Gilgamesh, senhor de Kullab, grande é a tua glória.


Comentário final: O texto da Epopeia de Gilgamesh publicado aqui no Blogson é uma tradução de Carlos Daudt de Oliveira. Não me pergunte quem é ele nem de que língua foi traduzido o texto encontrado na internet. O que sei é que a língua original era o sumério, traduzido para o acadiano por ordem de Assurbanipal. Esse é o texto mais completo encontrado, mas as poucas placas em sumério apenas ratificam a autenticidade do texto traduzido. Depois disso acharam versões incompletas e até divergentes em outras línguas antigas. O trabalho dos tradutores do século XIX e XX deve ter sido muito árduo. Por isso deve ser vista com condescendência e boa vontade a utilização de algumas palavras modernas para dar sentido ao texto e definir pesos e medidas.
 
Se alguém quiser ler ou copiar o arquivo em PDF que utilizei, basta seguir este link:
https://geha.paginas.ufsc.br/files/2017/04/A-Epop%C3%A9ia-de-Gilgamesh.-Tradu%C3%A7%C3%A3o-de-Carlos-Daudt-de-Oliveira.-Martins-fontes-2011.-ISBN-85-336-1389-X.pdf

 

domingo, 7 de abril de 2024

A VOLTA

 

Utnapishtim disse: "Quanto a ti, Gilgamesh, quem irá reunir os deuses por tua causa, de maneira a poderes encontrar a vida que estás buscando? Mas, se quiseres, vem e põe-te à prova: terás apenas que lutar contra o sono por seis dias e sete noites." Mas, enquanto Gilgamesh estava lá sentado, descansando sobre as ancas, uma bruma de sono, semelhante à lã macia cardada do velocino, pairou sobre ele, e Utnapishtim disse a sua mulher: "Olha para ele agora, o homem forte e poderoso que quer viver por toda a eternidade; as brumas do sono já estão pairando sobre ele." Sua mulher replicou: "Toca no homem para acordá-lo, para que possa retornar em paz ao seu país, voltando pelo portão pelo qual entrou." Utnapishtim disse a sua mulher: "Todos os homens são impostores, até a ti ele tentará enganar; por isso, põe-te a assar pães, cada dia um, e coloca-os ao lado de sua cabeça; e marca na parede o número de dias que ele dormiu."
Ela então se pôs a assar os pães, cada dia um, e a colocá-los ao lado de cabeça de Gilgamesh, marcando na parede o número de dias que ele vinha dormindo. Chegou o dia em que o primeiro pão estava duro, o segundo parecia couro, o terceiro se encharcara, o bolor se formara na crosta do quarto, o quinto havia mofado, o sexto estava fresco e o sétimo ainda estava sobre as brasas. Utnapishtim então tocou em Gilgamesh e ele acordou. Gilgamesh disse a Utnapishtim, o Longínquo: "Eu mal havia começado a dormir quando tocaste em mim e me acordaste." Mas Utnapishtim disse: "Conta estes pães e vê quantos dias dormiste, pois o primeiro está duro, o segundo parece couro, o terceiro está encharcado, a crosta do quarto está embolorada, o quinto está mofado, o sexto está fresco e o sétimo ainda se encontrava sobre as brasas incandescentes quando toquei em ti e te acordei." Gilgamesh disse: "Oh, que farei, Utnapishtim, para onde irei? O ladrão da noite já se apoderou do meu corpo, a morte habita o meu espaço; encontro a morte onde quer que pouse meus pés."
Utnapishtim falou então a Urshanabi, o barqueiro: "Pobre de ti, Urshanabi, de agora em diante este porto de abrigo te odeia; ele não mais te acolherá, nem tampouco terás permissão para atravessar estas águas. Vai, agora, banido destas margens. Mas este homem, a quem conduziste, trazendo-o aqui, cujo corpo está coberto de imundície e cujos membros perderam sua graça e encanto, tendo sido deteriorados peIo uso de peles de animais, leva-o para se banhar. Ele então lavará seus cabelos na água, deixando-os limpos como a neve; jogará fora suas peles e deixará que as águas do oceano as levem para longe. A beleza de seu corpo será então revelada. A fita que ele usa na testa ficará como nova, e ele receberá roupas para cobrir sua nudez. Até que ele chegue à sua cidade de origem e até que complete sua jornada, estas roupas não darão sinal de uso e parecerão sempre novas." Assim, Urshanabi pegou Gilgamesh e levou-o para se banhar. Ele lavou seus cabelos, deixando-os limpos como a neve; ele jogou fora suas peles, que foram levadas para longe pelo mar. A beleza de seu corpo foi revelada. A fita que usava na testa ficou como nova, e ele recebeu roupas para cobrir sua nudez, roupas que não dariam sinais de uso, mas pareceriam sempre novas até que ele chegasse a sua cidade de origem e sua jornada chegasse ao fim.
Então Gilgamesh e Urshanabi colocaram o barco na água, embarcaram e se prepararam para partir; mas a mulher de Utnapishtim, o Longínquo, disse ao marido: "Gilgamesh chegou aqui exausto, está extenuado; o que darás a ele para levar de volta a seu país?" Então Utnapishtim falou, e Gilgamesh tomou uma zinga em suas mãos e trouxe o barco de volta à margem. "Gilgamesh, chegaste aqui exausto, e te extenuaste; o que darei a ti para levares de volta a teu país? Gilgamesh, eu te revelarei um segredo, é um mistério dos deuses que estou te revelando. Existe uma planta que cresce sob as águas; ela tem um espinho que espeta como o de uma rosa. Ela vai ferir tuas mãos, mas, se conseguires pegá-la, terás então em teu poder aquilo que restaura ao homem sua juventude perdida."
Ao ouvir isso, Gilgamesh abriu as comportas para que uma corrente de água doce pudesse levá-lo ao canal mais profundo. Amarrou pesadas pedras a seus pés e elas o arrastaram para baixo, até o leito do rio. Lá ele encontrou a planta que crescia sob a água. Embora ela o espetasse, Gilgamesh tomou-a nas mãos. Ele então cortou as pesadas pedras presas a seus pés e as águas o carregaram, atirando-o à margem. Gilgamesh disse para Urshanabi, o barqueiro: "Vem ver esta maravilhosa planta. Suas virtudes podem devolver ao homem toda a sua força perdida. Eu a levarei à Uruk das poderosas muralhas. Lá, eu darei a planta aos anciãos para que a comam. O nome dela será 'Os Velhos Voltaram A Ser Jovens'. E, finalmente, eu mesmo a comerei e recuperarei toda a minha juventude perdida." Gilgamesh então retornou pelo portão por onde havia entrado. Gilgamesh e Urshanabi viajaram juntos. Depois das primeiras vinte léguas, eles quebraram seu jejum; depois de mais trinta léguas, pararam para passar a noite.
Gilgamesh encontrou um poço de água fresca e entrou nele para se banhar; mas nas profundezas do poço havia uma serpente, e a serpente sentiu o doce cheiro que emanava da flor. Ela saiu da água e a arrebatou; e imediatamente trocou de pele e voltou para o fundo do poço. Gilgamesh então sentou-se e chorou. As lágrimas corriam por seu rosto e ele tomou a mão de Urshanabi: "Oh, Urshanabi, foi para isso que esfalfei minhas mãos? Foi para isto que arranquei sangue de meu coração? Nada obtive para mim, nada; mas a fera do poço agora usufrui do meu esforço. A corrente já arrastou a planta por vinte léguas, levando-a de volta aos canais onde a encontrei. Eu encontrei algo prodigioso e agora o perdi. Deixemos o barco nesta margem e vamos embora."
Depois de caminharem vinte léguas, eles quebraram seu jejum; depois de trinta léguas, eles pararam para passar a noite. Em três dias de viagem eles haviam percorrido a pé um percurso equivalente a uma jornada de um mês e quinze dias. Ao completarem a jornada, eles chegaram a Uruk, a cidade das poderosas muralhas. Gilgamesh falou a ele, a Urshanabi, o barqueiro: "Urshanabi, sobe na muralha de Uruk, inspeciona o terraço onde sua estrutura foi fundada, examina bem a alvenaria de tijolos; vê se não foram usados tijolos cozidos. Não foram os sete sábios que assentaram estas fundações? Um terço do todo é cidade, um terço é jardim e um terço é campo, incluindo o períbolo da deusa Ishtar. Estas partes e o períbolo formam toda a Uruk."
Isto também foi obra de Gilgamesh, o rei, que percorreu as nações do mundo. Ele era sábio, ele viu coisas misteriosas e conheceu muitos segredos. Ele nos trouxe uma história dos dias que antecederam o dilúvio. Partiu numa longa jornada, cansou-se, exauriu-se em trabalhos e, ao retornar, descansou e gravou na pedra toda a sua história.
 

TEM ROBOI NA LINHA!

  Você já ouviu alguém usar a expressão “tem boi na linha” ? Embora pareça uma exclamação advinda do nosso pujante agronegócio, está mais pa...